Sem comunicação e pouca energia elétrica, eles viram a emancipação e crescimento da cidade. Ji-Paraná comemora 40 anos de emancipação política na quarta-feira, (22).
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Família de Claúdia foi pioneira na cidade de Ji-Paraná e ela conta das dificuldades enfrentadas no início (Foto: Claúdia Fonseca/Arquivo Pessoal)
epois de 40 anos de emancipação de Ji-Paraná, na região central do Estado, pioneiros relatam as dificuldades que tiveram que enfrentar pela falta de infraestrutura. O G1começa nesta quarta-feira (22), dia do aniversário da cidade, uma série especial de reportagens.
Aos 82 anos de idade, João Vilhena, o pioneiro na cidade, relembra que as dificuldades para quem chegou ao território jiparanaense na década de 70 eram muitas. O pioneiro lembra que saiu de Belém (PA) para Porto Velho.
João conta que chegou à cidade na tentativa de cumprir uma missão: trabalhar com comunicação. Porém, quando chegou na então Vila de Rondônia, em 1974, foi surpreendido. “Não existia nada de comunicação para o povo aqui. Não tinha rádio, televisão, jornal impresso. De energia, era só um mortorzinho na prefeitura. Eu tinha duas opções: voltar para casa ou começar do zero a comunicação aqui. Eu escolhi a segunda”, conta.
Toda a comunicação que existia em Ji-Paraná na época ou vinha dos jornais de Porto Velho, ou era feita de forma muito precária. “Os únicos meios de comunicação que se tinha, eram os alto-falantes, que ficavam em mastros de aproximadamente 30 metros de altura. Um pioneiro, chamado Sabá, fazia as chamadas aos habitantes”, relembra.
Em 1976, João participou da instalação da Rede Amazônica em Ji-Paraná. “Eu fui o técnico em comunicação que fez a instalação da emissora, que montou todo o sistema. Eu inaugurei a TV Vila de Rondônia em 13 de setembro e me tornei o diretor até o ano seguinte”, relembra.
Antes, toda a programação exibida no local chegava com as fitas cassetes, que vinham com as programações gravadas de Porto Velho. Agora, os empresários locais começaram a investir em publicidade pela TV e ver suas vantagens.
João Vilhena foi um dos pioneiros na comunicação em Ji-Paraná. (Foto: Pâmela Fernandes/G1)
Vilhena relembra que na época em que os prefeitos eram nomeados por Porto Velho, tudo que era recolhido de imposto era administrado pela capital. “Os impostos todos eram enviados para lá. Não ficava nada aqui. Apenas depois do primeiro prefeito eleito pela cidade, que isto começou a melhorar, já que a renda a partir de então, ficava no município”, explica João.
Já a professora Claudia Regina Fonseca, hoje com 52 anos de idade, é do Rio Grande do Sul e conta que chegou à Vila de Rondônia, aos quatro anos. A decisão da mudança, veio do pai de Claudia, Alcides Machado Fonseca, que conheceu a vila em 1969 e decidiu trazer a família toda.
“Quando chegamos, a ponte ainda estava sendo construída. Nós fazíamos a travessia do rio de balsa. Meu pai veio e se estabeleceu como pecuarista e montou um mercado, depois, trouxe os filhos. E aqui nos estabelecemos”, relembra.
Claudia relembra que a época era tudo muito complicado. A energia elétrica chegava às residências através de transmissores e as famílias tinham poucos eletrodomésticos em casa.
“Eram transmissores, tipo containers, e elas reproduziam a energia, mas a gente ficava grande parte da manhã sem. Não havia televisão e a geladeira era a querosene, nem mesmo chuveiro a gente tinha. Era tudo muito precário”, relembra.
Na adolescência, o pai de Claudia decidiu mandar os filhos para Campo Grande (MS) para estudar. Em Campo Grande, Claudia se casou e teve dois filhos. Mas, depois, decidiu retornar de vez para Ji-Paraná e está na cidade há quase 20 anos. Acompanhando o crescimento da cidade, ela afirma que Ji-Paraná se desenvolveu muito, mas muita coisa ainda tem que melhorar.
“Eu sou muito visual, eu acho que Ji-Paraná é um lugar muito promissor para quem quer trabalhar. Tenho observado que está havendo um desenvolvimento da beleza do lugar, uma cara nova na cidade”, afirma.
Quando se trata de obras feitas na cidade, para a professora, o grande erro que muitas vezes é cometido pelos administradores é não realizar trabalhos que sejam duradouros. Mas ela explica que o grande diferencial é como você enxerga a cidade, não olhando apenas para o que precisa ser feito, mas o que a cidade tem de bom naturalmente.
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Letreiro Eu Amo Jipa; Ji-Paraná; entrada Ji-Paraná (Foto: Marco Bernardi/G1)
“Eu estou bem satisfeita com Ji-Paraná. Ela não deixa a desejar, ela tem de tudo um pouquinho. É uma cidade gostosa. Quando meus parentes vêm aqui, eu gosto de apresentar a cidade, de mostrar as coisas que são nossas, os rios, as comidas. E eles ficam encantados e sempre voltam. E ainda nos diz: vocês que são felizes, tem um pouco de tudo, no meio da natureza”, afirma.
A criação do município de Ji-Paraná
A lei que criou o município de Ji-Paraná foi assinada pelo presidente da república, Ernesto Geisel no dia 11 de outubro 1977. No dia 22 de novembro do mesmo ano, foi nomeado o primeiro prefeito, Walter Bártolo, que já estava como administrador da vila há quase dois anos.
No início de 1978, foram estabelecidos os limites geográficos e no ano seguinte, 1979, Ji-Paraná foi transformada em comarca, mas só em abril de 1980 que o município se desligou completamente da comarca de Porto Velho e passou a ter uma administração completamente independente.
Em 1981, Ji-Paraná cedeu parte do território para a criação de um novo município: Ouro Preto do Oeste. Em 1982, foi eleito o primeiro prefeito da cidade através de voto direto. Em 1988, um novo município seria criado, e mais uma vez, Ji-Paraná cede parte do território geográfico.
O nome do município é de origem tupi-guarani e significa “rio dos machados”, assim como o Rio Machado que divide o município em dois distritos.
Por Pâmela Fernandes, G1 Ji-Paraná e Região Central