Data é um dos períodos mais quentes do aplicativo de encontros.
Executivo fala sobre transexuais e guerra a app de sexo a três.
Enquanto namorados de todo o Brasil correm para comprar presentes, os executivos do Tinder sabem que vai chover downloads do aplicativo de relacionamento. O Dia dos Namorados, neste domingo (12), é uma das datas de maior movimentação para o serviço no Brasil, diz Andrea Iorio, diretor de marketing e comunicação para América Latina. “Quem está solteiro não quer passar o dia sozinho. Eles buscam um ‘date’ para a data, um parceiro ou parceira para sair”, explica em entrevista .
O italiano está há dois meses à frente do Tinder no Brasil. Ele falou sobre como o Tinder está tentando ser mais diversificado. As pessoas que se identifiquem como transgêneros terão, dentro de dois meses, mais opções além do “masculino” e “feminino”. Também foi anunciado que o serviço vetará menores de 18 anos. O Tinder apareceu ainda no noticiário após uma polêmica investida para derrubar o 3nder, que promove sexo a três.
Brasil no segundo lugar
O Brasil é o segundo maior em número de usuários, atrás dos Estados Unidos, lar da empresa. Os brasileiros estão acima da média mundial de tempo gasto por dia no app e na quantidade de “matches” (as conversas entre usuários só ocorrem quando os dois se “curtem” mutualmente).
Por dia, são registrados 26 milhões de “matches” em todo o planeta, dos quais 7 milhões são de usuários do Brasil. Os brasileiros conseguem 7% mais combinações que o restante do mundo, em média. A geografia, diz o Tinder, pesa a favor de uns e menos de outros.
Cariocas têm mais matches que paulistas
“Os paulistas não vão gostar, mas os cariocas têm ainda mais ‘match’: são 15% mais acima da média global”, diz Iorio. Os paulistas dão o troco por viverem na segunda maior cidade em número de participantes do mundo – perdem só para Los Angeles (EUA).
Com tanto pretendente para dar atenção, o brasileiro navega no app por 77 minutos ao dia. A média de usuários de outros lugares gira em torno de 60 minutos. “É um fator cultural, porque brasileiro adora redes sociais. Estão sempre atrás do que é inovador e querem conhecer novas pessoas, é um povo muito aberto.”
Enquanto a atividade do Tinder em todo o mundo começa a esquentar no dia de São Valentim, em 14 de fevereiro, a coisa ferve por aqui no Dia dos Namorados. O outro período em que os solteiros (ou não) correm para o app é o começo do ano. “Ele pensam: ‘esse ano vou desencalhar’”, brinca Iorio. O efeito “resolução de Ano Novo”, diz, dura até o Carnaval.

do Tinder para América Latina. (Foto: Divulgação/
Tinder)
Trans no Tinder
No segundo semestre, o Tinder dará a transgêneros a opção de se identificar não só como “masculino” ou “feminino”. “A gente sentiu necessidade de fazer para transgênero, porque entendemos que o Tinder é para todo mundo. Queremos garantir a mesma experiência, independente do gênero”, diz Iorio.
Criado em 2012, o Tinder só começa a se voltar agora para a comunidade trans. Isso mesmo com o app tendo o Facebook como porta de entrada e importe da rede social dados como fotos, amigos, interesses, escolaridade, educação e, claro, gênero – nesse último campo, o site de Mark Zuckerberg deixa o usuário livre para escolher mais de 50 opções.
“A gente priorizou outras coisas, melhora de produto, melhora do chat, melhoras no serviço e não focou tanto na inclusão, que é algo que a gente está fazendo agora”, explica o executivo. “Agora é o momento em que a gente quer ampliar nosso raio de ação, incluindo também essas comunidades.”
Sexo à três
Além de incrementar do serviço, o Tinder também trabalhou para preservar sua marca. Esse é o argumento principal da tentativa de derrubar ou modificar o 3nder, aplicativo que promove sexo a três. “Na verdade, é um caso pequeno, normal de negócio, de quando uma marca tem um nome que pegou e é protegido como o Tinder e surge um app que faz uma coisa muito semelhante e cria um nome muito semelhante. A gente entrou com essa ação para, pelo menos, diferenciar os aplicativos.”
‘Acordos’ viram solução para casais em Dia dos Namorados da crise
Consumidores procuram reduzir gastos ou até deixar de presentear.
Expectativa de diversas entidades é de queda nas vendas.
Em meio à crise, o dia dos namorados deve ser de vendas menores para o comércio neste ano, conforme pesquisas divulgadas por várias entidades de comércio nos últimos dias. Dados apontam, além da queda na intenção de presentear, um aumento do interesse por produtos de menor valor para quem não quer deixar a data passar em branco.
Juliane Morganti vai comemorar a data pela terceira vez com o namorado, Bruno Albuquerque, mas neste ano será diferente. “No primeiro nos demos roupas de marca, no segundo saímos para jantar em um restaurante bacana com trocas de presentes. Agora neste ano não faremos nada. Entramos neste acordo: nada de gastos”, diz ela. “Resolvemos então sair para jantar em algum lugar que não seja muito caro, só para não passar a data em branco.”

Priscila Santana Amad e Lucas Alonso Huamani, que vão passar a data juntos pela quinta vez, sempre trocaram “combos” de presentes. Neste ano, o combinado é outro. “Geralmente trocamos ‘combos’ de presentes. Uma vez dei uma Caixa dos 5 sentidos: um porta-retrato com uma foto nossa (visão), dois blu-rays do AC/DC (audição), chocolates (paladar), um travesseiro de corpo (tato) e uma fronha perfumada (olfato) escrito ‘tem coisas que até no escuro podemos ver. Amo você’. Outros presentes foram pelúcias, camisetas, bijouterias, DVDs. Neste ano, o jeito é optar por presentes no estilo ‘faça você mesmo’ para não gastar muito”, diz Priscila.
Ela conta que o plano para este ano é preparar “um almoço ou jantar para comemorar”. “Se os preços não estivessem tão altos, eu poderia pensar em algum outro presente. Talvez algum jogo novo de computador e uma camiseta. Mas, por exemplo, uma loja de camisetas mais alternativas que eu já havia comprado por R$ 40 anteriormente está cobrando R$ 70 em cada peça”, reclama.
Juliane também conta que gostaria de presentear Bruno com um presente especial se os preços não estivessem tão altos, com “uma roupa bacana ou perfume importado”, mas teve que adaptar a escolha ao orçamento. “Decidi fazer uma almofada com nossas fotos estampadas que custará apenas R$ 20. Quem vai fazer é minha prima, que é designer, e isso ajudou ainda mais no preço.”
Previsão de queda para o comércio
As previsões para as vendas do comércio neste dia dos namorados não são otimistas. A Boa Vista SCPC divulgou pesquisa apontando que 56% dos entrevistados planejam presentear na data, queda acentuada em comparação aos 92% do ano passado.
Outro estudo, feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), estima que a redução dos gastos com presentes neste ano deverá ser de 16,84%. Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que o volume de vendas do comércio varejistas do país deve registrar queda de 8,5%.
Fabio Bentes, economista da CNC, destaca que a tendência é que os casais reduzam o valor dos presentes escolhidos. “Em ano em que o consumidor passa por dificuldades, é comum recorrer àquela lembrancinha em lojas de vestuário ou até perfumaria”, afirma.
“Muitas pessoas que deram presente no ano passado não vão dar neste, mas uma alternativa que o consumidor adota nesses momentos é trocar por presentes mais simples. Não por acaso a gente está projetando uma queda bastante acentuada no segmento de móveis e eletrodomésticos, eletrônicos, que têm um produto mais caro.”
Segundo a CNC, as roupas e os calçados continuam sendo o principal objetivo de compras para o dia dos namorados, com 77% dos consumidores apontando que pretendem presentear com esse tipo de produto. Enquanto isso, produtos como celulares e smartphones são a preferência de só 6%.
“Todos os segmentos vão registrar queda nas vendas, com o poder de consumo das pessoas reduzido”, afirma Bentes, destacando que o segmento de roupas e calçados deve ter mais procura pelos produtos com preço menor. “O número de compras não caiu tanto, o que caiu foi o valor médio de cada compra.”
Valor sentimental
Em meio aos acordos para não gastar muito no dia dos namorados, Priscila reclama da “pressão” por presentear em datas comemorativas. “Talvez a sociedade coloque uma pressão maior, sempre me perguntam ‘o que ele te deu?’, como se fosse uma obrigação ter presente nessa data”, afirma. “Não considero um dia muito importante. Acredito que temos que estar bem todos dias e nos presentear em dias aleatórios. E sem se prender a datas comemorativas, até porque os preços sobem nessas épocas.”
Já Juliane diz que fica “chateada” por não poder presentear Bruno, mas acaba “aceitando a situação”. “Entendemos o momento que estamos passando. Mas não importa os momentos de dificuldades que podemos ter, meu amor por ele é cada dia maior. ”
Sem crise, Dia dos Namorados tem programas de luxo esgotados no Rio
Casais investem em spas, diárias de hotéis e motéis de luxo na Zona Sul.
Doze horas em suíte de motel custa R$ 5 mil e já está reservada.

Casais cariocas estão investindo no bem-estar pessoal e caprichando na sofisticação para passar o Dia dos Namorados juntinhos. Programas de luxo, como massagens e banhos aromáticos em spas, fim de semana em hotéis cinco estrelas da Zona Sul e algumas horas de relaxamento nas suítes de luxo dos principais motéis estão com lotação esgotada para o sábado e o domingo.
As reservas para comemorar o dia 12 com um jantar no Cipriani, o mais requintado restaurante do Copacabana Palace, em Copacabana, na Zona Sul, estão esgotadas desde o início da semana. Na quarta-feira (8), ainda havia vaga somente para o almoço com vista para a mais badalada piscina da cidade. O menu degustação acompanhando de champanhe e outras bebidas custa R$ 495 ( mais 10% de taxa de serviço por pessoa).

De frente para a Praia de Ipanema, também na Zona Sul, o hotel Fasano já está lotado para este fim de semana dos namorados. O jantar romântico fica por conta do restaurante Fasano Al Mare, também com lotação esgotada para o fim de semana, que oferece menu de quatro passos – sem bebidas – por R$ 505. Para defrutar de todas as mordomias do hotel, sem o jantar, os casais desembolsaram diárias a partir de R$ 2.150.
Passar 12 horas namorando em um dos motéis mais tradicionais e com uma das mais belas vistas do Rio também não custa barato. O VIP’s, no Vidigal, na Zona Sul, tem suítes sofisticadas de até três andares, com vista livre para o mar e toda a orla. A mais cara já está reservada para um casal que vai pagar R$ 5.237 pela comemoração, com direito a jantar, decoração especial com rosas, bombons belgas e champanhe francesa.

Segundo a gerência do motel, a procura começou no mês passado e a expectativa é de aumento de 18% em relação ao ano passado. São 43 unidades disponíveis, sendo a mais barata um apartamento sem vista para o mar, que custa R$ 190. Para os funcionários do motel, nada de comemoração. “Aqui todo mundo vai trabalhar no fim de semana e só vai pensar em namorar no dia 13”, brincou o gerente, Thiago Nascimento.
O motel Corinto, em Vila Isabel, na Zona Norte, também comemora o bom movimento para a data. As reservas para as quatro suítes presidenciais, com privacidade total e luxo, que custam R$ 1.300 a diária, estavam praticamente esgotadas para o sábado e domingo. Quem quiser aproveitar apenas um período de horas terá que enfrentar filas para entrar, segundo a gerente, uma tradição no Dia dos Namorados. Os valores vão de R$ 349 até R$ 99 ( suíte com garagem coletiva).

(Foto: Divulgação/ Fasano)
Uma das tendências para os casais que querem só relaxar juntos são os pacotes nos spas, principalmente na Zona Sul. Sábado é o dia mais procurado, mas os que funcionam dentro dos hotéis já estão com agenda lotada.
No Spa do Copacabana Palace, o casal paga R$ 1.500 por um pacote com direito a massagem, esfoliação, banho e uma refeição balanceada. Na quarta-feira (9), havia poucas vagas para massagens com duração de uma hora no sábado e domingo.
Para atrair os apaixonados, os hotéis estão investindo na criatividade. No Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, o cinco estrelas Grand Mercure Rio de Janeiro, está oferecendo pacote com direito a um voo de helicóptero pelas praias, lagoas e montanhas da cidade, além de um jantar romântico no terraço do restaurante Í Bistrô. O hotel ainda tem vagas, com diárias a R$ 469, com direito a meia garrafa de espumante, chocolate, café da manhã. Para apenas jantar no restaurante, o menu completo sai por R$ 325, o casal.