Os veículos de comunicação tiveram acesso ao depoimento do geólogo Élcio Romão Ribeiro, da comissão da Prefeitura do Rio que avaliou a ciclovia Tim Maia, que desabou na quinta-feira (21) matando duas pessoas. O depoimento lançou mais dúvidas sobre quem seriam os responsáveis pela fiscalização da ciclovia, localizada na Avenida Niemeyer, em São Conrado, na Zona Sul.
O geólogo disse que os estudos prévios sobre o comportamento das maré no local não faziam parte das atribuições da comissão e que também não cabia à ela fiscalizar o sistema construtivo, no que diz respeito às necessidades de ancoragem, ou seja, a fixação das lajes aos pilares da ciclovia.
A comissão da qual Ribeiro fez parte aprovou as obras e emitiu um parecer garantindo que a ciclovia estava em condições de ser inaugurada. A comissão era formada pela Fundação Instituto de Geotécnica (Geo-Rio), órgão da Secretaria Municipal de Obras responsável por conceder licenças para as construções em área de encosta.
Obras
O consórcio Concremat/Concrejato venceu a licitação para realizar a ciclovia. Com o custo de quase R$ 45 milhões, ela é considerada um legado das Olimpíadas.
No depoimento, o geólogo Élcio Romão Ribeiro cita duas empresas, a Engemold e a Premag, e fala de mudanças na fabricação dos pilares e das lajes da ciclovia.
“O declarante aponta limitação de horário devido ao intenso movimento da Avenida Niemeyer, o qual permitia apenas que determinados serviços fossem feitos à noite, que em razão disso os pilares e as lajes, inicialmente previstos para serem concretados no local, foram pré-moldados na empresa que os construiu, de nome Engemold, que a única exceção foi a viga acidentada, realizada pela empresa Premag”.
Em sua página na internet, a Engemold esclarece que não executou o trecho com o vão maior sobre a Gruta da Imprensa, justamente a parte que desabou.
No dia do acidente, Antônio Eulálio, engenheiro civil especialista em pontes e grandes estruturas, destacou que enquanto em outros trechos a estrutura tem duas vigas principais com apoios mais afastados sobre os pilares, o trecho da passarela que tombou tem apenas uma viga central com dois apoios próximos.
“Aconteceu que não foi levado em conta no projeto o efeito da onda atuando debaixo pra cima e torcendo a viga tombando ela”, afirmou Eulálio.
A empresa Premag declarou que só vai dar esclarecimentos após o laudo final das análises que estão sendo feitas. O Jornal Hoje também perguntou para a Geo-Rio quem deveria ter fiscalizado a construção e a existência de um estudo sobre o impacto das ondas, e o órgão disse que só vai se pronunciar depois da conclusão do inquérito policial.
Em nota, o consórcio Contemat/Concrejato reafirmou que só irá se manifestar após a conclusão das investigações, sejam internas ou sob a responsabilidades das autoridades competentes.