Sempre que questionados sobre os principais desafios, a resposta dos deficientes brasileiros costuma ser a mesma: acessibilidade. Foi para levantar essa e outras bandeiras que um grupo de deficientes se reuniu em Brasília para uma passeata de luta por maior inclusão neste 21 de setembro, Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência.
Eduardo George, jornalista de 32 anos que reside há dois anos em Brasília, onde trabalha com temas ligados à deficiência, contou ser bastante comum que chegue atrasado ao trabalho. Tetraplégico por má formação congênita, ele usa o transporte público para se deslocar, mas muitas vezes precisa aguardar mais de uma hora no ponto de ônibus até que consiga embarcar em um veículo cujo elevador para cadeira de rodas esteja funcionando.
“Outro dia subi, mas não conseguia descer porque o equipamento quebrou”, relatou George. “É corriqueiro”. Apesar das dificuldades com acessibilidade, ele se mostrou animado com a mobilização dos deficientes. “Ainda falta muita empatia na sociedade, mas estamos saindo da fase do coitadismo”, afirmou.
A servidora pública Izana Barbosa, de 41 anos e paraplégica, considera que os deficientes de fato conquistaram direitos e maior inclusão nas últimas décadas, mas avalia que ainda assim há gargalos que impedem uma inclusão social mais efetiva no mercado de trabalho, por exemplo.
Apesar de as empresas receberem incentivos e buscarem contratar pessoas com necessidades especiais, muitas vezes os deficientes não conseguem se qualificar o bastante para ter acesso às oportunidades, avalia. “Falta, por exemplo, cursos com linguagem de Libras ou em braile, até cardápios em restaurantes acessíveis são difíceis de encontrar. As pessoas acham que acessibilidade é só colocar uma rampa, e não é”, disse Izana.