As buscas por uma terceira vítima do desabamento da ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, na Zona Sul do Rio, foram retomadas às 6h desta sexta-feira (22). Os bombeiros começaram o trabalho de busca por outras supostas vítimas do acidente por terra e, ao longo do dia, continuarão as buscas no mar. Às 9h50, os mergulhadores já tinham ido até o mar, mas descartaram a possibilidade de entrar por causa da agitação.
De acordo com o comandante das Unidades de Salvamento Marítimo, Marcelo Pinheiro, ainda podem haver corpos no mar e eles podem ter entrado nas fendas das pedras.
“Durante todo o dia, até o pôr do sol, estaremos realizando buscas aéreas, terrestres, superficiais e subaquáticas. Existe a possibilidade, caso confirme, que esse corpo pode estar preso a alguma fenda ou então possa ter se deslocado. Por conta disso, nós vamos ampliar nossas buscas através da aeronave”, explicou o coronel.
Em nota, os bombeiros informaram que militares de cinco unidades (Gávea, Grupamento de Busca e Salvamento, Grupamento Marítimo de Botafogo, Grupamento Marítimo de Copacabana e Grupamento de Operações Aéreas) participam da operação, e que são utilizadas lancha, aeronave e equipe terrestre nas buscas na superfície. Mergulhadores realizam buscas subaquáticas.
A corporação informou ainda que durante a madrugada, nenhuma unidade e nem os dois militares que permaneceram no local receberam qualquer informação sobre desaparecidos.
Mar agitado
O mar agitado pode prejudicar o trabalho dos bombeiros, assim como na quinta-feira (21), que, segundo o comandante, não foi possível mergulhar porque o mar estava muito violento.
“Isso pode atrapalhar esse trabalho. No trabalho subaquático, nós não nos aproximamos muito perto da costa, em virtude da possibilidade de acontecer algum acidente. Na orla, nós estamos com 130 homens que aconselham as pessoas a evitar o banho de mar por esses dias, por conta desses perigos que o mar vem apresentando”, explicou Marcelo Pinheiro.
Testemunhas contaram para os bombeiros que teriam visto uma senhora correndo na ciclovia e que acabou caindo, mas, até o momento, ninguém havia reclamado. Mesmo assim, sob essa suspeita, as equipes continuam as buscas.
A 15ª DP (Gávea) abriu inquérito para investigar o desabamento. Em nota, a Polícia Civil informou que a perícia já esteve no local e um helicóptero do Serviço Aeropolicial (Saer) auxiliou na buscas.
Engenheiro é uma das vítimas
Foi identificado como Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos, um dos mortos no desabamento. Quem o reconheceu foi o cunhado, João Ricardo Tinoco, que foi ao local a pedido da irmã, Eliana Tinoco, a viúva do engenheiro. A segunda vítima ainda não havia sido identificada até a última atualização desta reportagem. Uma terceira vítima ainda é procurada.
“Ele falou que ia chegar ao meio-dia em casa, aí a minha irmã, que é médica e estava indo operar, sentiu um aperto no coração e pediu para eu ligar e ele sempre corre naquela direção da Niemeyer, que é bonita. Ela me ligou e pediu uma ajuda. Como eu estava aqui pertinho, eu parei o carro e vim ver se era ele. Eu que vi pela primeira vez [o corpo]. Não ficou boa essa ciclovia, porque se logo no início já caiu. Realmente foi uma fatalidade horrível. Ele era corredor, sempre corria”, contou o cunhado.
A segunda vítima foi identificada como Ronaldo Severino da Silva, de 60 anos, que também foi lançado ao mar com o desabamento.
Muitas pessoas passavam pelo local no momento do acidente e pareciam não se dar conta da gravidade. Algumas pararam para tirar fotos da ressaca, que impressionava pedestres, corredores e ciclistas. Segundo especialistas, as ondas chegaram a quatro metros de altura.
Prefeitura vai contratar perícia independente
Em entrevista ao Bom Dia Rio desta sexta-feira (22), o secretário Executivo de Governo, Pedro Paulo Carvalho disse que a prefeitura irá contratar uma perícia independente para analisar o caso.
“Houve fiscalização, inclusive, hoje, às 10h, nós vamos estar reunidos com todos os técnicos da prefeitura, GeoRio, Secretaria de Obras. Nós contratamos uma auditoria independente, a Cope, o INPH, para que a gente possa ter um diagnóstico do que aconteceu para que se possa tomar providências e acontecimentos como esse não se repitam na cidade”, disse Pedro Paulo.
Questionado pelas análises de engenheiros que apontam que houve uma falha de projeto ou na execução, o secretário não descartou um problema na engenharia do projeto.
“A engenharia está sob suspeita nesse acidente, o que nós não podemos adiantar é um diagnóstico prematuro. O que tiver disponível de inteligência para que a gente possa explicar as causas desse acidente”, completou.
‘Imperdoável’, diz Prefeitura
O secretário Executivo de Governo, Pedro Paulo Carvalho, garantiu que não há riscos de novos desabamentos e classificou o acidente como “imperdoável”. O mesmo adjetivo foi usado pelo prefeito Eduardo Paes, em nota divulgada pouco depois (leia a íntegra no fim da reportagem).
“É imperdoável o que aconteceu, já determinei a apuração imediata dos fatos e estou voltando para o Brasil para acompanhar de perto”, disse o prefeito, que saiu à noite do Rio